Por: Patrícia Loraine
Pela primeira vez, eu fiquei a mais de um quilômetro longe do meu filho de 5 meses, e por mais de três horas. Ele ficou chorando o tempo todo e até aprendeu a falar mamãe na marra pra ver se eu aparecia.
Mentira. Ele ficou tranquilo com o pai dele, nem reclamou de fome e o leite que eu tirei está lá no congelador do jeitinho que eu deixei. Quando ele me viu mamou um bocadinho só e foi dar uma voltinha com o pai, por que eu ainda não tinha terminado o que eu estava fazendo. A noite eu me preparei toda psicologicamente pra acordar de hora em hora por que sabia que ele ia me revindicar o tempo que eu não dei durante o dia. Eu acordei de hora em hora, mas só pra ver por que ele não acordava. O bebê acordou uma vezinha na madrugada, só pra matar a fome que estava querendo matá-lo! Isso mesmo, o Pepê, do A Noite do Pepê.
Este episódio de cara-materna-na-poeira me fez pensar e repensar. Eu leio um bocadinho sobre desenvolvimento infantil e sei que até os nove meses de idade o bebê precisa muito da mãe, é através dela que ele vive, como se fossem mais nove meses de gestação fora do útero. Mas já entendi que cada bebê tem seu esqueminha… Às vezes nem adianta ler por que eles vão fazer o contrário! Por exemplo, li que boas sonecas diurnas ajudam no sono noturno, mas Pê dorme bem à noite quando não descansou quase nada de dia. Cada um com seu cada um…
Bem, o que eu não li em lugar nenhum é que a mãe ia acordar de hora em hora querendo que o filho mame. Ninguém me explicou o desenvolvimento da mãe, nem falou o quanto ela precisa do bebê nos primeiros meses. Anos? Ok.
Eu estou voltando a trabalhar aos poucos. Eu sou doula e por isso meu trabalho não tem rotina nem horário, e eu trabalho poucas horas por semana. Em breve volto pra universidade pra retomar o curso que tranquei, e também pretendo voltar devagar. Nessa mesma época meu Pedrito vai começar a comer e se nutrir de outras fontes que não a leiteira aqui. Como é que se faz isso, quando é que se deixa o pequenote com a vó/vô/creche/babá quando se pode escolher (mais ou menos)? Cadê o manual? Eu levo ele comigo pra bagunça sempre que eu puder ou deixo ele em casa com os avós, meia dúzia de batata, três bananas e uma rotina? O que este menino quer, do que ele precisa???
E eu? Como eu vou fazer quando tiver no meio da vida loka e quiser dar um cheirinho no cangote dele? E se eu quiser dar mamá? E se eu precisar morder aquele pezinho como é que eu faço?! Uma mãe é gerada por mais nove meses fora da barriga! Nove vidas? Ok. Eu olho pra ele e o vejo tão pequenino, tão recém-chegado…
Quando eu vou me sentir pronta pra começar a ser mãe e outras coisitas mas? Qual a medida da falta de mãe que vai ajudá-lo a crescer?
Patrícia Loraine, balzaquiana, mãe do Pedro de 6 meses, bióloga, doula, estudante de psicologia. Ama bolo de chocolate com morango, é vegetariana, feminista, blogueira. Pensa em adotar um segundo filho em breve e engravidar novamente com 40 anos. Faz terapia. Devaneia no “Engravidar e Parir” e dorme e acorda no “A Noite do Pepê”.
Daniela
abr 23, 2013 -
Minha filha tem 2 anos e 3 meses e minha mãe me deu um toque sutil neste fim de semana “ela não pode ser a sua razão de existir. Ela não é o seu objetivo, o seu tudo. Ela é parte de tudo isso, mas não pode ser a responsável pela sua alegria cotidiana”.
E eu parei para pensar…. pq desde que ela nasceu, eu não consigo fazer outra coisa, senão pensar nela, pensar no que ela precisa, pensar em estar com ela… trabalho fora, em uma grande corporação, 10h por dia. Todo o resto do meu tempo, é dela. Todo. Sem exceção. Até no salão, quando preciso ir aos fins de semana (evito, claro, para quê existe o horário do almoço?), a levo comigo.
Hoje eu sou mais independente dela do que era antes, vou aprendendo a soltá-la, a deixá-la livre, a observar e não mais agir, agir, agir. Observo os outros cuidando dela, os tios trocando, entrando na piscina, dando mamadeira…. mas ainda estou junto e sempre estarei. Não sei qual é a medida, de verdade.
Acho que ainda não descobri essa medida. E temo que descubra daqui muito tempo ainda.
Beijos grandes!
Patrícia
abr 23, 2013 -
Difícil se achar essa medida, né, Daniela? Sua mãe tem razão, deve ser muita responsabilidade ser o motivo da vida de outra pessoa, como mães temos que pensar nisso também. Um dia desse eu dei um xilique e ninguém podia pegar no Pedro que eu ia lá e pegava de volta! Doida! Ainda bem que passa, rsrs…
Diana Demarchi
abr 23, 2013 -
O engraçado é que aos poucos mãe e filho vão crescendo, faz parte e vai acontecendo naturalmente (entre atropelos e tropeços) e pronto. E depois olhando um pouco de longe a gente vê que era necessário, e no fim até melhor. Então vem o segundo filho e a gente emburrece novamente, e acha que o bebê (ou a mãe) vai morrer se ficar longe!
Bjs
Tatiana
abr 23, 2013 -
Nossa, minha filha tem 10 meses e eu to na mesma situação que a Daniela comentou. Como trabalho o dia todo, o meu tempo restante é todinho pra ela. Esqueci meus cachorros, minha casa e até meu marido…
Sofro com isso, sinto culpa por não conseguir equilibrar os pratos da melhor forma, mas sinceramente não consigo fazer diferente por enquanto.
Ela mama, mas acho que eu é que preciso amamentar, pois ela já nem me pede tanto. Enfim, eu ainda não me separei dela, mas sei que terei que fazer isso mais cedo ou mais tarde, afinal ela precisa e vai crescer!
Fernanda
abr 23, 2013 -
Antes do meu bebê nascer eu me imaginava voltando a trabalhar quando ele completasse 8 meses, agora que ele tem 7 meses penso em voltar quando ele tiver 1 ano, acho que ainda não estou preparada pra ficar tanto tempo longe dele.
Patricia
abr 25, 2013 -
Para mim, é muito difícil desapegar! Tenho certeza que preciso mais dela do que ela de mim.
Nestas últimas semanas, fui obrigada a trabalhar isso em mim. Sofri uma cirurgia de emergência e, em casa, não posso pegá-la por 15 dias! Estou contando as horas para cuidar dela de novo.
Ela está reagindo bem. Sendo cuidada pela minha mãe e ganhando muitos cheiros meus. Já para mim…ai que dor não exercer, de fato, o papel de mãe…